segunda-feira, agosto 06, 2007

Explicação sobre o que penso das privatizações

Meus amigos costumam criticar as privatizações sem saber exatamente porque elas ocorreram e quais os benefícios nos trouxeram. O principal argumento deles é que foi um "entreguismo" e que com isso "dilapidaram o patrimônio público". Eu ao contrário, busquei informações para entender o porquê disso, não sem antes também compartilhar de uma certa revolta, estimulado na época por professores petistas. Vou tentar expor aqui meu pensamento e espero que com isso possa clarear a mente dos meus poucos leitores acerca deste assunto.

Em primeiro lugar é preciso tentar entender quais benefícios tínhamos mantendo tantas estatais. A primeira vista, o único que podemos encontrar é o sentimento nacionalista de dizer que a empresa era nossa. Mas só dizer, porque na realidade não era. As estatais pertenciam na verdade ao grupo político que estivesse no poder. E ainda é assim. A estatal deixa de estar a serviço do povo para estar a serviço do grupo político, servindo de geração de receitas para manterem-se no poder.

Contra esse fato, dizem que o problema então é de gestão de quem está no poder. Concordo. Colocando pessoas honestas e de perfil técnico na diretoria pode-se conseguir bons resultados numa empresa estatal. Como é o caso da Saesp, empresa pública do estado de São Paulo que tem prestado ótimo serviço ao povo. Mas isso é uma exceção pois basta uma troca de governo para a população perder os ganhos obtidos. É muito arriscado defender um modelo desses.

Dois exemplos disso são a Infraero e a Petrobras no governo Lula. Carlos Wilson, amigo de Lula foi escolhido como presidente da Infraero e dilapidou a empresa, gastando fortunas na compra de azulejos da fábrica de sua família, ao invés de reformar as pistas dos aeroportos. Já a Petrobrás, se aproveitou do enfraquecimento da ANP promovida pelo governo Lula para manter seu monopólio, e hoje que a gasolina deveria diminuir o preço devido a baixa do dolar, não diminui. Não há concorrência. Sem contar com os inumeros casos de corrupção da petrolífera e seu uso político nas propagandas em véspera de eleição.

Outro exemplo é a última nomeação: Luis Paulo Conde, ex-prefeito do Rio de Janeiro, que não possui nenhuma intimidade com a área de energia elétrica foi escolhido para presidente de Furnas. Apenas para obter o apoio político do grupo de Garotinho do PMDB na prorrogação da CPMF. Esse tipo de briga por cargos, o fato das empresas estatais não terem o objetivo de ter lucro e ainda terem o privilégio do monopólio causa a depreciação do serviço público e rombos no orçamento.

O sistema telebrás por exemplo era ineficiente e ultrapassado. O pobre pagava imposto para que o rico tivesse telefone. Para se conseguir uma linha era preciso aguardar anos. Pagava-se até 5000 doláres por uma, e era considerado um patrimônio que devia ser declarado no imposto de renda. Internet só rezando. Se sua linha tivesse algum defeito, nem adiantava reclamar. Já a Vale do Rio Doce só servia de instrumento de cobiça política, não tinha mobilidade para agir no mercado e pagava poucos impostos.

A resposta continua vazia. Qual o benefício que essas estatais traziam ao país? Agora vejamos os benefícios que a privatização nos trouxe.

Com a privatização do sistema telebrás e a criação da Anatel, a telefonia se universalizou. Pessoas de todas as camadas sociais passaram a ter acesso a telefonia móvel e fixa. Tudo isso graças a competição, a melhor condição de captar investimentos e ao dinamismo do setor privado. Isso não só beneficiou os consumidores, como criou todo um ecossistema de profissionais liberais e empresas de internet. E há quem prefira o modelo antigo, onde somente os partidários de quem estivesse no poder ganhavam um telefone.

No caso da Vale do Rio Doce, até seu miseravel lucro hoje é superado em quatro vezes pelo montante de impostos que ela paga, e gerando muito mais empregos. O lucro de fato é reinvestido, fazendo a empresa crescer continuamente, gerando mais receitas e propagando o crescimento para empresas terceirizadas o que em consequência gera mais empregos. Grande parte do superávit de exportações brasileiras nos ultimos anos se deveu à Vale do Rio Doce, que hoje se fosse estatal ainda estaria emperrada.

De fato, as estatais só interessam àqueles que desejam a mamata da companheirada em arranjar um emprego onde não se precise trabalhar de verdade. Imagina então se hoje tivessemos todo o sistema telebrás nas mãos do PT? Quantos Luiz Paulo Conde não estariam mamando nas tetas de nossos dinheiro e em consequência depreciando os serviços públicos? Um amigo meu que passou no concurso de uma empresa pública recebeu uma chamada de seu chefe porque estava constragendo pessoas de indicação política na empresa por estar trabalhando demais. Vê se pode?

Querer manter estatais por puro capricho do famoso nacionalismo de botequim, que reside em cada brasileiro, é uma estupidez sem tamanho. Na prática, o modelo estatal não funciona, e não há qualquer exemplo de que tenha dado certo por um longo período. O mínimo que eu esperaria de alguém que defende o modelo estatal é a apresentação de algum paper ou estudo acadêmico apresentando uma alternativa viável. Como esperado, não existe, pois em todas as defesas dessa lógica, há a necessidade de um governo bonzinho. Espera-se sempre que haja um líder bondoso. Pura utopia.

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3 comentários:

Anônimo disse...

"FHC perde o sono todo dia que os lucros da Vale aumentam. Mas é consolado pelos amigos que ganharam fortunas. A Vale não cresceu por deixar de ser estatal. Era uma potência, sempre foi.
Acontece que o "dono" da Vale, Eliezer Batista, fundou uma empresa concorrente, a Icomi, que ficava com todos os lucros.

Devastaram o manganês do Amapá, uma das 3 maiores reservas do mundo. Estatal só não é potência por ser roubada."

helio fernandes- jornalista, na tribuna da imprensa de domingo 05/08

precisa mais? vc encontra de tudo em pesquisa, depende onde procuras e o que procuras, e não obstante, q opinião pretende formular na mente das pessoas.
a classe média pensa como vc tiago, sempre pequeno-burgues...
ja que estou parafraseando:
“É difícil fazer com que um homem entenda algo, se seu salário depende de não entendê-lo”
Upton Sinclair
abs

renan

Tiago Albineli Motta disse...

Renan,

Eu duvido muito que FHC esteja perdendo o sono. Ao contrário, deve estar muito feliz. Como já dito no artigo, os impostos e os empregos gerados com o crescimento da Vale estão alavancando boa parte do crescimento do país hoje.

E concordo com você, que um dos fatores de que uma estatal se torne ineficiente são as indicações. Mas só um dos fatores. E esse é mais um motivo para a privatização delas. Imagine se Lula tivesse hoje a Vale do Rio Doce nas mãos dele. Quem seria o presidente? Jader Barbalho?

Abração e volte sempre

Unknown disse...

vejo que foi sensato e concordo plenamente com o que colocou, so que pesso que coloque informaçoes mais conclusivas a reperito do porque das privatizaçoes, assim teremos um melhor entendimento e nao torna tao percepitiveis o despreso pelos governantes petistas.