quarta-feira, agosto 15, 2007

Capital especulativo internacional

Resolvi escrever um pouco sobre o tão mal falado capital especulativo internacional após uma longa discussão com um amigo de infância. Na verdade sempre quis escrever sobre isso pois adoro desmistificar os "inimigos comuns" que a esquerda gosta de criar. Para quem não sabe, o "inimigo comum" é um elemento obrigatório para que um pequeno grupo domine uma população. Tal qual Fidel, Hitler, Lenin, Mao e outros ditadores sanguinários.

Em primeiro lugar é preciso entender que o capital especulativo internacional não é um ente. Não é um ser vivo com vontade própria, nem mesmo uma máfia. Ele nada mais é que milhões de pessoas ao redor do mundo inteiro, poupando dinheiro para uma aposentadoria tranquila ou para objetivos de mais curto prazo, como comprar uma casa. Sem contar com empresas e organizações que precisam poupar para se preparem no caso de eventuais problemas, como por exemplo empresas de seguro.

Logo vê-se que o capital especulativo internacional não tem o íntuito de destruir nações, nem mesmo derrubar governos. Até porque como já foi dito, ele não tem vontade própria. A questão é que para chegar aos objetivos esperados, fundos, empresas, investidores e demais, buscam não só um lugar pra guardar dinheiro, buscam também investir onde possam ter uma compensação sobre a inflação, ou algum lucro.

Em contrapartida, outras empresas do mundo todo precisam de dinheiro para fazer investimentos. Cidadãos do mundo todo precisam de dinheiro para financiar uma casa, um carro ou até mesmo um eletro-doméstico. Agricultores precisam de empréstimos para financiar a colheita. E governos precisam para tapar buraco nos seus gastos excessivos. E é aí que começa o perigo.

Normalmente título de governo é considerado um investimento seguro. Mas quando ocorre uma moratória, o país inteiro passa a ser considerado investimento de alto risco. Empresas param de receber investimentos, crédito ao consumidor desaparece, e o próprio governo perde os recursos para financiar seus déficits, só lhe restando então imprimir dinheiro. E essa é a atitude final que causa o caos numa economia, pois acaba com o lastro da moeda e a inflação dispara. Quem mais perde com isso é claro é o pobre.

E é errado um fundo de previdência por exemplo parar de investir num país após uma moratória? Claro que não. Veja bem que os administradores de um fundo de previdência por exemplo têm a responsabilidade de gerir as economias de milhares de pessoas, e nada mais justo do que ele se precaver de perder dinheiro. É só pôr-se no lugar de uma pessoa que poupou a vida inteira, e por má gestão de um fundo chega ao fim da vida sem poder usufruir de aposentadoria, porque o administrador do fundo de investimento era um esquerdista que resolveu continuar dando dinheiro a um país que não honra seus compromissos.

O Brasil aplicou uma moratória no governo Sarney e desde então passou a ser considerado um país de altíssimo risco de investimento. Sem poder contar com o dinheiro dos investidores para tapar o buraco de seus gastos, Sarney e Collor mandaram a casa da moeda imprimir, o que resultou na famosa super-inflação.

A inflação só se estabilizou, quando Fernando Henrique, na época ministro da fazendo de Itamar Franco, lançou o plano real, que não era somente uma troca de moeda, mas uma revisão total no modo de gastar no Estado. Foi preciso uma reforma fiscal, para garantir o mínimo de déficit possível, e a pior parte de tudo: Um aumento absurdo de juros. E isso foi mandatório, uma vez que o Brasil passou a ser um país muito arriscado para se investir. Ou seja, o fundo de previdência, por exemplo, que outrora investia no país, só voltaria a fazê-lo, se o risco valesse a pena.

Com a economia estabilizada, agora era só questão de tempo para que o Brasil voltasse a ser um país de poucos riscos. Outros fatores ajudaram o Brasil a ter um status melhor hoje: Agências reguladoras, lei de responsabilidade fiscal, pagamento em dia das dívidas e manutenção da democracia. Além disso, o fato do Brasil ter conseguido enfrentar três crises internacionais seguidas, aumentou ainda mais a confiança do mundo no país.

Com tudo isso é importante lembrar que quando você poupa seu dinheiro em um fundo ou clube de investimento, aplica num plano de previdência, paga mensalidades de um seguro de casa, ou até mesmo compra ações de uma empresa, você passa a fazer parte do tal capital especulativo internacional. Mas isso não é pra te deixar culpado, pois ao contrário do que a esquerda prega, o capital especulativo internacional é o que promove o crescimento das empresas, gera empregos e distribui renda. E isso tudo sem intenção.

Um comentário:

nandajudoca disse...

ótima explicação, bem direta! Geralmente dão uma volta pra explicar e vc foi objetivo.